sábado, 15 de setembro de 2012

Escrever para espantar fantasmas

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Sala de espera. Espera. Abre-se uma porta, alguém anuncia que um novo dia começa. Quarto 601... quarto 615. Nossa vez. Guardo a bolsa no guarda-volumes, lavo bem as mãos, finalizo a higiene com álcool gel. E então caminhamos. Quarto 601, 602... 615. Caminhar por entre os quartos é uma tortura. Bip. Bip. O barulho de todas aquelas máquinas é assustador. (Mas claro que ao passar dos dias você acaba se acostumando a eles). Chegamos ao 615 e é simplesmente devastador, aqueles olhos me olhando e eu não sei se me identificam ou se tem medo. Ela cobre o corpo com o que encontra pela frente. Ela olha assustada para os enfermeiros. Ela dorme. Dorme um sono profundo e então eu me sinto a vontade para chorar. Dói muito, mas deve doer mil vezes mais nela. Meia hora de passa, você recebe um diagnóstico. Piorou um pouco. Melhorou um pouco. Piorou. Está estável, mas ainda é crítico. Depois de tantos diagnósticos você sabe que a única coisa que tem pra fazer é esperar. Esperar o que for melhor.
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